segunda-feira, 1 de março de 2010

O Meu Olhar



O meu olhar é nitido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquera,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
È aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança, se ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterma inocência,
E a única inocência nao pensar...
* "Alberto Caeiro" *

Sem comentários: